sexta-feira, 9 de julho de 2010

JEROMEMURAT: O ENCONTRO DA SOMBRA COM A PERSONA - PROCESSO DE INTEGRAÇÃO PSICOLÓGICA

Hoje trouxemos um vídeo que representa bem o processo de encontro do PERSONA com a SOMBRA resultando na INTEGRAÇÃO PSICOLÓGICA.

Numa ótica Jugana, o Persona é o arquétipo que representa as Máscaras Sociais, necessárias nas relações interpessoais. Exemplo: O General, o professor, a mãe, a esposa, o cidadão de bem, o cristão, etc são representações sociais que se configuram no contexto funcional das relações.

O que se espera de um general no exército, de um professor em sala de aula, de uma mãe para seus filhos, de uma esposa para o seu esposo, de um cidadão de bem para a sociedade e um cristão para os cristãos?

Espera-se uma coerência entre comportamentos e suas respectativas representações sociais.
Utilizamos máscaras sociais ou personas, porque precisamos assumir determinados papéis em determinados contextos como forma de funcionar de acordo a demanda sócio-contextual.

Logo, no exército o homem destinado à general precisa ser general, assim como a mulher para os filhos precisa assumir o papel de mãe. Em casa o general do exército é apenas pai e esposo enquanto a mulher além de mãe também é esposa. Antes de todos estes papéis sociais assumidos são Seres Humanos em Processo Contínuo de Constituição e Integração.

O PROBLEMA é quando as máscaras não se flexibilizam e o indivíduo general no exército iludi-se achando Sê-lo em outros contextos tornando-se autoritarista e muitas vezes tirano. Ou quando a mulher não tira a máscara de mãe para o esposo e se comporta de fato como mãe dele e ele, por outro lado, também deixa de percebê-la como mulher passando tão somente a percebê-la em seus aspectos maternais perdendo o desejo sexual por a mesma.

Quando as máscaras sociais são enrijecidas e as pessoas não conseguem se perceber de outra forma diz-se que a outra face da Máscara ou do Persona perde a luz formando Sombras Psicológicas. O lado negado, reprimido, negligenciado, fragmentado de nós mesmos.

É o caso do indivíduo fanático-religioso que nega sua humanidade, não admitindo por exemplo o seu desejo sexual por indivíduos do mesmo sexo assumindo assim, um Persona de Celibatário, não se permitindo nem a masturbação. Tornando Sombra o seu desejo passa a se degenerar psiquicamente e a projetar seus aspectos sombris no mundo externo a ele, provavelmente assumindo um comportamento homofóbico e de "caça as bruxas" a quem vivem muito bem com sua sexualidade.

As Sombras Psicológicas, porém são estruturas psíquicas vivas, energeticamente carregadas e forçam sua emersão ao consciente. O Ego Imaturo, ou o Eu para o Social, acaba consumindo muita energia libdinal (energia psíquica para vida) tentando manter os aspectos percebidos como indesejáveis e tornados Sombras imersos no insconsciente psíquico, em local onde ninguém possa conhecer, de tal forma que nem mesmo o indivíduo acessa livremente .

Entretanto, a mente humana trabalha de forma a manter o equilíbrio, o que signica considerar que qualquer tensão que concentre energia em determinado pólo tende a ser descarregado em forma de ação para liberar energia e manter o equilíbrio. Quando sentimos, por exemplo, um desejo sexual, concentramos energia. O impulso à satisfação desse desejo é mantido até que saciemos em forma de ação (atitudes e comportamentos) que permitam liberar a energia acumulada mantendo o equilíbrio, ou a omeostase mental.

Assim, a flexibilização de máscaras sociais e consequentemente a formação de Sombras pode induzirmos a considerar a atuação de um Ego Imaturo tentando manter o equilíbrio mental por não saber ainda agir de outra forma. Tentando satisfazer suas NECESSIDADES de ordem pessoal relacionadas tanto a dimensão interna e externa busca controlar o fluxo energético na direção da maior demanda do momento. Logo, enrijecer uma máscara, Sobreando Personas pode ser compreendido como uma Defesa do Ego Imaturo tentando a omeostase, da maneira que sabe fazer.

Tudo isto faz parte de nosso PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA e culmina para a INTEGRAÇÃO PSICOLÓGICA, ou INDIVIDUAÇÃO.

Aos poucos o Ego deixa de ser o Eu para o Social tornando-se cada vez mais Transpessoal à medida que passa a funcionar em função do Self, o Si-mesmo, o Estado Integrado Totalizador da Psique, a Inteligência Suprema da Psiquê que integra pari-passe, os aspectos fragmentados da mente humana tornando-a mais consciente, equilibrada, adapatada e integrada substancialmente e fortalecida no meio social da qual interage.

No filme a seguir ilustra bem o processo de integração psíquica representado pela conscientização e acolhimento da outra face da mesma Máscara ou Persona integrando-a na Totalidadade que o constitui por inteiro.




Por Marcelo Bhárreti

sábado, 3 de julho de 2010

RESENHA: A ÉTICA NA ESCUTA PSICOLÓGICA

ASSOCIAÇÃO DE ENSINO E CULTURA
FACULDADE PIO DÉCIMO
ÉTICA PROFISSIONAL

PROFESSORA TEREZA CRISTINA MOURA VIEIRA

02 JUNHO 2010





AUTORIA:

Andréa Patrícia Rabelo Sousa,

Daniela,

Marcelo da Silva Barreto,

Samuel Rosalvo dos Santos Neto

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CARDOSO, Vanessa Silva; WENDET, Naiane Carvalho; RÖSSEL, Aline.A ÉTICA NA ESCUTA PSICOLÓGICA: o atendimento inicial e a fila de espera. Santa Catarina: Departamento de Psicologia – UFSC.


Aline Rössel, Naine C. Wendet e Vanessa S. Cardoso na realização deste artigo eram acadêmicas da 10ª fase do Curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina e foram orientadas pela Prof. Dra. Carmem L. O. O. Moré do Departamento de Psicologia – CPH- Universidade Federal de Santa Catarina.


O artigo problematiza o atendimento inicial e a fila de espera na oferta do serviço psicológico, considerando a expansão da Psicologia para novos espaços e demandas, enfatizando a ética profissional, como imprescindível na reflexão deste novo contexto, seus problemas e desafios.

Introduz uma reflexão sobre a eficácia da escuta psicológica considerando a alteridade de quem busca o serviço, em face o aumento da demanda que, na atualidade vem se expandindo tanto para as instituições clínicas-escolas, quanto para comunidade em geral através dos Postos de Saúde, NAPS e CAPS.

Atentam para necessidade de repensar o fazer psicológico tanto nos aspectos epistemológicos, quanto na aplicação destes pressupostos teórico-metodológicos frente este novo contexto, marcado pelo aumento da demanda e a deficiência de recursos tanto humanos quanto materiais.

Ressaltam como uma questão a ser refletida no campo da ética, considerando que fundamentalmente a serviço psicológico deve ser oferecido com qualidade a todos e que a ética torna-se imprescindível quando considerada como instrumento basilar para o bem estar comum.

Enfatizando a clínica-escola, problematizaram o atendimento inicial e o enfrentamento por uma longa fila de espera, colocando estas questões como um problema a ser somado a queixa trazida pelos solicitantes do serviço psicológico. Assim colocaram:

O questionamento que surge é: Como pensar a ética nessas condições? Como se constituir como sujeito ético, diante dessas realidades que se desenham no nosso campo de atuação? Como responder a estes questionamentos? Ou em outros tempos, para que serve pensar na ética em condições de atuação que não sustentam a conservação da saúde? (p. 210)

A partir do estudo feito no Serviço de Atendimento Psicológico da Universidade Federal de Santa Catarina (SAPSI) pode-se compreender os principais problemas enfrentados pelos ofertantes do serviço psicológicos, suas estratégias de superação, assim como dos solicitantes deste serviço.

O estudo teve uma amostra de 26 casos dos que estavam na fila de espera do SAPSI, tendo como critérios: a) tempo de espera, considerando os casos em um tempo mínimo de 6 meses; b) os casos que nunca haviam sidos chamados; c) os que foram encaminhados pela triagem e d) os que foram efetivamente acompanhados desde o primeiro contato.

Quanto à coleta dos dados, esta foi realizada de fevereiro a setembro de 2002, sendo que os dados foram qualitativamente analisados a partir do agrupamento de categorias. Já em relação ao perfil dos sujeitos desta amostra, possuíam renda de 200,00 a 600,00 reais mensais, a família era constituída de 2 a 6 pessoas e a maioria da amostra era composta por pessoas com nível de instrução primário completo e incompleto, sendo também, em sua maioria composta pelo gênero feminino.

Constatou-se que o tempo de espera era de 06 a 31 meses, no tempo médio de 13 meses. Observou-se com isto, a partir dos relatos dos entrevistados, que este tempo de espera tem um impacto negativo.

Verificados em números pode-se constatar que do total da amostra apenas 28% iniciavam e continuavam até o fim do processo; 15% procuraram outras instituições; 42% não foram atendidos, por desinteresse ou por impossibilidades de contato e mais 15% iniciaram o processo mais desistiram a posteriori.

Refletindo os dados e tentando compreender o índice de apenas 28% dos que iniciavam e concluíam o processo foram levantadas três hipóteses: 1ª A possibilidade do atendimento inicial não deixar claro qual e como é o serviço oferecido; 2ª O perfil do solicitante que não compreende adequadamente sobre o serviço psicológico; 3ª O período da espera compreende alterações no contexto do solicitante levando-o a desistência inicial ou a não continuidade do processo; 4ª problemas de ordem institucional, no que diz respeito às condições de recursos humanos e materiais.

Ainda buscando compreender a desistência inicial e a não continuidade do processo, foram classificadas as queixas iniciais apresentadas pelos sujeitos da amostra, o que permitiu considerar que: 38% dizem respeito a questões socais como, relacionamento, econômicas, sexuais de gênero e até trabalhistas; 35% questões afetivas; outras questões como funcionais, cognitivas e integrativas compunha demais percentuais.

Considerando os índices percentuais dos motivadores pela solicitação do serviço psicológico e observa-se que, os sujeitos da amostra durante o período de espera buscam estratégias adaptativas como forma de lidar com os seus sofrimentos, apresentados como queixa inicial. Quando são contatados, muitas vezes seus contextos já foram alterados o que levam ao desinteresse em iniciar o processo ou desistirem após terem iniciados.

De forma geral foi considerado enquanto possibilidade para dinamizar o atendimento e melhorar a qualidade do serviço oferecido, o investimento em recursos humanos; reestruturação logística; organização de grupos terapêuticos e implantação de plantões psicológicos para atendimentos emergenciais e de orientação.

O artigo trabalhou de forma crítica a problemática do atendimento inicial e a fila de espera, levantando dados que apontam a realidade infeliz do contexto atual do serviço psicológico expandido para a comunidade através das instituições públicas e ou clínica-escola. Apontando hipóteses para a problemática apontou, outrossim, possibilidades para resolução dos mesmos.
Mas sobretudo asseverou tais reflexões para o campo da ética, considerando como instrumento necessário para o bem comum, representado na qualidade do serviço psicológico que deve ser ofertado a todos.