quinta-feira, 27 de maio de 2010

SER HUMANO - UMA CONSTITUIÇÃO PSICO BIO SOCIAL

Desde a antiguidade que o ser humano vem observando a própria espécie e sua relação com mundo.

Assim considerando, a priori foram das religiões que surgiram as primeiras instituições acerca da relação homem-mundo e estas serviram de base, entre outras coisas, para estabelecer a ordem social, considerando que nossa espécie fundamentalmente vive em grupo.


A posteriori foi a Filosofia dos povos gregos antigos que sistematizaram o conhecimento a respeito desta relação, considerando o ser humano como um “ser racional” diferenciando-o de outras espécies.

Várias ciências foram se desenvolvendo a partir de então, e o conhecimento tornou-se cada vez mais sistematizado e expansivo. Contudo, permaneceu a percepção da relação homem-mundo e suas implicações.

A produção científica potencializou-se cada vez mais, à medida que tomava caráter interdisciplinar. E o conhecimento a respeito da relação homem-mundo enriqueceu-se.

Atualmente para uma compreensão mais abrangente do ser humano faz-se necessário considerá-lo sob a perspectiva constitucional que integra e associa as dimensões psicológica, biológica e social deste.

No que concerne o estudo das patologias humanas a assertiva torna-se imprescindível, fomentando a consideração que o ser humano que sofre experiencia seu sofrimento dentro de determinadas condições e contexto.

Partindo desta premissa que a Psicopatologia enquanto ciência das patologias da mente interage com outras disciplinas como a antropologia, a psiquiatria, a psiquiatria transcultural, a psicologia social entre outras. É deste intercâmbio multidisciplinar que são produzidos um vasto conhecimento acerca dos vários objetos de estudos.


Por Marcelo Bhárreti

Como tratamos quem amamos?


sexta-feira, 21 de maio de 2010

ICEBERG HUMANO - PRECONCEITOS, MECANISMOS DE DEFESAS E AUTO CONHECIMENTO


"Ela não presta, não vale nada!"; "Corrupto!"; "Interesseiro!"; "São todos uns pedófilos!"; "Mau caráter!"; "Safado, sem vergonha, traidor!";"Ele é uma pessoa do mau!";"Você é um pecador!"; "Você vai para o inferno!"; "Leviano!"


O que nos faz perceber tantos atributos negativos em outrem?

Por um acaso somos tão infalíveis, que adquirimos autoridade moral para julgar e condenar?

Ai alguém poderia dizer assim:

- Ah! Mas, eu só estou me defendendo...

A melhor defesa de um ser humano tem que ser mesmo o ataque?

Por que os "defeitos" dos outros é tão incômodo?

Seria mesmo os "defeitos" só dos outros?

E por que eu preciso atacar?

Ai alguém poderia dizer assim:

- Ah! Porque precisamos ser combativos em nome da ética, da moral e dos bons costumes!

É mesmo?! Então por que não começamos por nós mesmos? Como assim?

Quando justificamos nossa combatividade estamos fazendo uma análise profunda do alvo em ataque?

Cuidado amigos e amigas!



Como um Iceberg a mente humana é muito mais do que emerge na superfície da consciênica perceptiva e observável.

É no inconsciente que reside a maior parte do que somos-estamos. Fonte das energias psiquícas e regida pelo princípio do prazer, segundo a psicanálise.

O inconsciente funciona de forma a satisfazer o prazer e evitar o desprazer, independente do que é ditado pelas regras sociais ético-moral.

Compreendendo que todo conteúdo mental é energeticamente carregado. As catexias ou cargas energéticas acomplam-se as essas representações mentais (sentimentos, idéias, imagens, etc).

O inconsciente visa diminuir o máximo as tensões ou excitações favorecendo o fluxo energético mental e consequentemente favorecer a omeostase psíquica ou equilíbrio do aparelho psíquico pela a hormonia entre cargas.

Segundo Sigmund Freud a omeostase mental é um processo dinâmico. Assim podemos falar em uma espécie de tráfego energético mental ou tráfego psíquico. Logo uma representação mental sede energia a outra representação, o que é denominado de deslocamento ou recebe energia de outras representações no que se denomina de condensação.

Viver em grupo é uma necessidade primária em nossa espécie. Porém, esta convivência será sempre um desafio considerando o princípio do prazer do inconsciente.

Seria possível viver em uma sociedade onde todas as pessoas se satisfizessem ao mesmo tempo?

Provavelmente destas forma não!

Por esta razão, ao longo da existência humana criamos regras sociais como forma de manter o equilíbrio e consequentemente a sobrevivência do grupo. Desta forma mediamos esta convivência a partir de sensores éticos, morais ou legais, que são introjetados, desde cedo em nossa psique.

O custo disto é a censura do fluxo de nossas representações mentais a consciência se estas põem em risco a sobrevivência da espécie.

O que acontece então com as representações mentais impedidas de chegar a consciência?

Continuam energeticamente carregadas no inconsciente e manterão sentido de fluxo à consciência, porém agora tentando burlar a censura vivendo indiretamente a representação mental.

Para manter a omeostase entra em ação o trafêgo psíquico deslocando ou condensando energia de uma represental mental à outra.

Através dos sonhos, por exemplo, podemos vivenciar indiretamente algo que diretamente não nos permitiríamos por causa da força da censura. Fazemos fluir energia psíquica nestas representações mentais que tornam-se vívidos no momento em que experenciamos.

Da mesma forma temos estas vivências indiretas através dos filmes, novelas, ou da literatura.
Extravazamos nossos desejos mais hostis acompanhando o noticiário na televisão ou no rádio, através dos atos de outras pessoas.
Realizamos nosso desejo de matar no game ou fazer sexo masturbando-se.

Estes são alguns exemplos de vivências indiretas sem comprometer a aceitabilidade do grupo social (necessidade institiva de sobrevivência da espécie) e sem afetar a integridade psíquica e física de outrem. Denomino-as de Vivências Indiretas Positivas.

Entretanto, existem também outras formas de vivência indireta das representações mentais, que buscam outras estratégias e que podem afetar outras pessoas. Denomino-as de Vivências Indiretas Negativas.

Exemplos:

  1. Alguém pode não suportar conscientemente a idéia de sentir-se atraído por indivíduos do mesmo sexo, porque esta ainda é uma aversão que predomina socialmente variando de contexto para contexto cultural. Esta aversão a homossexualidade pode se configurar no desejo de extermínio desta representação mental que é real. O extermínio a homossexualidade pode ser vivenciada diretamente com o suícidio ou indiretamente no ataque a homossexuais que vivem congruentemente sua sexualidade, na manifestação homofóbica.
  2. Alguém pode não aceitar conscientemente a idéia de ser desonesto e corrupto e a repulsa a esta representação mental pode ser vivida indiretamente no ataque inflamado a pessoas que julguem desonestas e / ou corruptas. Este julgamento se dá de forma superficial e a pessoa não ao ato. Uma maneira de ataque indireto a um Eu desonesto e corrupto na dimensão inconsciente.
  3. Alguém pode ser aversivo a crianças por não poder processar conscientemente a criança representativa inconsciente mal tratada e rejeitada na infância.
Nestes três casos vê-se um Mecanimo de Defesa do Ego denominado de PROJEÇÃO, uma forma de transferir e vivenciar indiretamente na dimensão de Realidade Exterior aquilo que, por ser censurado também pelo próprio Ego Imaturo, não é integrado a psique.

Por isso é tão mais fácil perceber, atacar ou combater noutrem aquilo que conscientemente não associamos a nós mesmos.

Por isso é imprecindível AUTOCONHECIMENTO como forma de favorecer cada vez mais o processo de omeostase mental e ainda atender necessidades sociais sem afetar negativamente outrem.

Desta forma, nos conhecendo melhor teremos condições de potencialemte ser mais verdadeiros com nós mesmos tornando-os cada vez mais consientes.

Como forma de manter a omeostase mental exercitaríamos a Negociação entre os reclames de nossos desejos reais com as exigências sociais.

Direcionaríamos, por exemplo, a energia da agressividade para algo positivo. Assim ao invés de agirmos com violência agiríamos com determinação e garra.

Considerarímos nossa humanidade falível e processual e teríamos mais empatia com o nosso semelhante. Seríamos mais solidários, altruístas e menos egoístas e individualistas.

Por Marcelo Bhárreti.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

ONDE ESTÁ O SEU ADOLESCENTE?


A adolescência é uma fase do desenvolvimento psicobiológico humano, onde o indivíduo transita da infância para a fase adulta.

Várias produções científicas abordaram a adolescência compreendendo-a de formas diferentes. Alguns autores estudaram os aspectos, considerados por eles, como universais, outros ateram-se aos aspectos sócio-económicos-culturais como delineadores do comportamento adolescente.

Poucos, porém, estudaram as manifestações adolescentes em adultos, apesar de ser um fenômeno tão comum.

Termos como Adolescência Tardia, Adultescência, Adolescência Prolongada ou Profissional se referem as manifestações adolescentes em indivíduos cronologicamente adultos, mas que apresentam, em certo nível, comportamamentos adolescentes.



Alguns pesquisadores vanguardistas do tema têm realizado algumas produções científicas a cerca do tema. Assim, o psicólogo Guillermo Carvajal, na obra 'Torna-se adolescente: a aventura de uma metamorfose' publicado em 2001, definiu a Adolescência Tardia, também denominada de Adultescência, como um fenômeno verificado em indivíduos cronologicamente adultos, mas que apresentam certos comportamentos tipicamente adolescentes.

Carvajal (2001) definiu este tipo, como um fenômeno decorrente da não vivência plena da adolescência, ou como uma conseqüência de uma adolescência abortada, aquela em que, devido a fatores de ordem intrapsíquicos obstaculariza a vivência plena desta adolescência provocando um regresso de determinados aspectos não vividos devidamente e / ou uma vivência tardia destes aspectos reprimidos numa fase posterior da vida onde já não são encontrados os mesmos aspectos obstaculizadores.


Uma outra contribuição para o assunto foi dada por Alessandra Oliveira, através da obra 'Adolescência Prolongada: um olhar para nova geração' publicado em 2009. A autora explica que devido aos novos contextos sócio-ecónomico-cultural, muitos jovens têm prolongado comportamentos tipicamente adolescentes, com o consentimento dos pais, que na maioria dos casos o super-protegem . Assim permanecem na casa destes, mesmo depois de terem chegados na fase adulta, mantendo-se, em certa medida, com uma dependência emocional e financeira dos mesmos.
Sair de casa pode significar assumir maiores responsabilidades, exigindo maior autonomia e independência, nem sempre motivados pelos pais, que justificam a super-proteção mediante o 'mundo cruel'atual.
E ai!?


Vale o bom senso. Cada um sabe intimamente onde o 'sapato aperta'.
É claro que não se rompe com nemhum comportamento da infância ao andentrar-se na puberdade, assim também, como não se torna um adulto, apenas na idade cronológica.

"(...)temos nosso próprio tempo (...) somos tão jovens" já dizia o poeta Renato Russo em 'Tempos Perdidos'.

Aproveitando esta deixa, pensemos: Não haveria um tempo singular ligado a associações de experiências para que realmente desenvolvamos espiralmente?

Muitos como Cavarjal (2001) interpreta a manifestação adolescente tardia como uma patologia, mas então eu pergunto: Dá realmente para pular etapas? O quê é a normalidade mesmo?

Não seria possível o convívio entre nossa criança, nosso adolescente, adulto e nosso ancião?

Onde anda a sua criança, e o seu ancião? Cadê seu adulto?

Onde anda o seu adolescente?

Continuo apostando no esforço para a auto-crítica e o bom senso.
Este já é um caminho.

Por Marcelo Bhárreti

DESEJANDO BOAS VINDAS A TODOS OS MEUS COLEGAS





Por Marcelo Bhárreti