segunda-feira, 17 de maio de 2010

ONDE ESTÁ O SEU ADOLESCENTE?


A adolescência é uma fase do desenvolvimento psicobiológico humano, onde o indivíduo transita da infância para a fase adulta.

Várias produções científicas abordaram a adolescência compreendendo-a de formas diferentes. Alguns autores estudaram os aspectos, considerados por eles, como universais, outros ateram-se aos aspectos sócio-económicos-culturais como delineadores do comportamento adolescente.

Poucos, porém, estudaram as manifestações adolescentes em adultos, apesar de ser um fenômeno tão comum.

Termos como Adolescência Tardia, Adultescência, Adolescência Prolongada ou Profissional se referem as manifestações adolescentes em indivíduos cronologicamente adultos, mas que apresentam, em certo nível, comportamamentos adolescentes.



Alguns pesquisadores vanguardistas do tema têm realizado algumas produções científicas a cerca do tema. Assim, o psicólogo Guillermo Carvajal, na obra 'Torna-se adolescente: a aventura de uma metamorfose' publicado em 2001, definiu a Adolescência Tardia, também denominada de Adultescência, como um fenômeno verificado em indivíduos cronologicamente adultos, mas que apresentam certos comportamentos tipicamente adolescentes.

Carvajal (2001) definiu este tipo, como um fenômeno decorrente da não vivência plena da adolescência, ou como uma conseqüência de uma adolescência abortada, aquela em que, devido a fatores de ordem intrapsíquicos obstaculariza a vivência plena desta adolescência provocando um regresso de determinados aspectos não vividos devidamente e / ou uma vivência tardia destes aspectos reprimidos numa fase posterior da vida onde já não são encontrados os mesmos aspectos obstaculizadores.


Uma outra contribuição para o assunto foi dada por Alessandra Oliveira, através da obra 'Adolescência Prolongada: um olhar para nova geração' publicado em 2009. A autora explica que devido aos novos contextos sócio-ecónomico-cultural, muitos jovens têm prolongado comportamentos tipicamente adolescentes, com o consentimento dos pais, que na maioria dos casos o super-protegem . Assim permanecem na casa destes, mesmo depois de terem chegados na fase adulta, mantendo-se, em certa medida, com uma dependência emocional e financeira dos mesmos.
Sair de casa pode significar assumir maiores responsabilidades, exigindo maior autonomia e independência, nem sempre motivados pelos pais, que justificam a super-proteção mediante o 'mundo cruel'atual.
E ai!?


Vale o bom senso. Cada um sabe intimamente onde o 'sapato aperta'.
É claro que não se rompe com nemhum comportamento da infância ao andentrar-se na puberdade, assim também, como não se torna um adulto, apenas na idade cronológica.

"(...)temos nosso próprio tempo (...) somos tão jovens" já dizia o poeta Renato Russo em 'Tempos Perdidos'.

Aproveitando esta deixa, pensemos: Não haveria um tempo singular ligado a associações de experiências para que realmente desenvolvamos espiralmente?

Muitos como Cavarjal (2001) interpreta a manifestação adolescente tardia como uma patologia, mas então eu pergunto: Dá realmente para pular etapas? O quê é a normalidade mesmo?

Não seria possível o convívio entre nossa criança, nosso adolescente, adulto e nosso ancião?

Onde anda a sua criança, e o seu ancião? Cadê seu adulto?

Onde anda o seu adolescente?

Continuo apostando no esforço para a auto-crítica e o bom senso.
Este já é um caminho.

Por Marcelo Bhárreti

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