FACULDADE PIO DÉCIMO
ÉTICA PROFISSIONAL
PROFESSORA TEREZA CRISTINA MOURA VIEIRA
02 JUNHO 2010
AUTORIA:
Andréa Patrícia Rabelo Sousa,
Daniela,
Marcelo da Silva Barreto,
Samuel Rosalvo dos Santos Neto
__________________________Andréa Patrícia Rabelo Sousa,
Daniela,
Marcelo da Silva Barreto,
Samuel Rosalvo dos Santos Neto
CARDOSO, Vanessa Silva; WENDET, Naiane Carvalho; RÖSSEL, Aline.A ÉTICA NA ESCUTA PSICOLÓGICA: o atendimento inicial e a fila de espera. Santa Catarina: Departamento de Psicologia – UFSC.
Aline Rössel, Naine C. Wendet e Vanessa S. Cardoso na realização deste artigo eram acadêmicas da 10ª fase do Curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina e foram orientadas pela Prof. Dra. Carmem L. O. O. Moré do Departamento de Psicologia – CPH- Universidade Federal de Santa Catarina.
O artigo problematiza o atendimento inicial e a fila de espera na oferta do serviço psicológico, considerando a expansão da Psicologia para novos espaços e demandas, enfatizando a ética profissional, como imprescindível na reflexão deste novo contexto, seus problemas e desafios.
Introduz uma reflexão sobre a eficácia da escuta psicológica considerando a alteridade de quem busca o serviço, em face o aumento da demanda que, na atualidade vem se expandindo tanto para as instituições clínicas-escolas, quanto para comunidade em geral através dos Postos de Saúde, NAPS e CAPS.
Atentam para necessidade de repensar o fazer psicológico tanto nos aspectos epistemológicos, quanto na aplicação destes pressupostos teórico-metodológicos frente este novo contexto, marcado pelo aumento da demanda e a deficiência de recursos tanto humanos quanto materiais.
Ressaltam como uma questão a ser refletida no campo da ética, considerando que fundamentalmente a serviço psicológico deve ser oferecido com qualidade a todos e que a ética torna-se imprescindível quando considerada como instrumento basilar para o bem estar comum.
Enfatizando a clínica-escola, problematizaram o atendimento inicial e o enfrentamento por uma longa fila de espera, colocando estas questões como um problema a ser somado a queixa trazida pelos solicitantes do serviço psicológico. Assim colocaram:
O questionamento que surge é: Como pensar a ética nessas condições? Como se constituir como sujeito ético, diante dessas realidades que se desenham no nosso campo de atuação? Como responder a estes questionamentos? Ou em outros tempos, para que serve pensar na ética em condições de atuação que não sustentam a conservação da saúde? (p. 210)
A partir do estudo feito no Serviço de Atendimento Psicológico da Universidade Federal de Santa Catarina (SAPSI) pode-se compreender os principais problemas enfrentados pelos ofertantes do serviço psicológicos, suas estratégias de superação, assim como dos solicitantes deste serviço.
O estudo teve uma amostra de 26 casos dos que estavam na fila de espera do SAPSI, tendo como critérios: a) tempo de espera, considerando os casos em um tempo mínimo de 6 meses; b) os casos que nunca haviam sidos chamados; c) os que foram encaminhados pela triagem e d) os que foram efetivamente acompanhados desde o primeiro contato.
Quanto à coleta dos dados, esta foi realizada de fevereiro a setembro de 2002, sendo que os dados foram qualitativamente analisados a partir do agrupamento de categorias. Já em relação ao perfil dos sujeitos desta amostra, possuíam renda de 200,00 a 600,00 reais mensais, a família era constituída de 2 a 6 pessoas e a maioria da amostra era composta por pessoas com nível de instrução primário completo e incompleto, sendo também, em sua maioria composta pelo gênero feminino.
Constatou-se que o tempo de espera era de 06 a 31 meses, no tempo médio de 13 meses. Observou-se com isto, a partir dos relatos dos entrevistados, que este tempo de espera tem um impacto negativo.
Verificados em números pode-se constatar que do total da amostra apenas 28% iniciavam e continuavam até o fim do processo; 15% procuraram outras instituições; 42% não foram atendidos, por desinteresse ou por impossibilidades de contato e mais 15% iniciaram o processo mais desistiram a posteriori.
Refletindo os dados e tentando compreender o índice de apenas 28% dos que iniciavam e concluíam o processo foram levantadas três hipóteses: 1ª A possibilidade do atendimento inicial não deixar claro qual e como é o serviço oferecido; 2ª O perfil do solicitante que não compreende adequadamente sobre o serviço psicológico; 3ª O período da espera compreende alterações no contexto do solicitante levando-o a desistência inicial ou a não continuidade do processo; 4ª problemas de ordem institucional, no que diz respeito às condições de recursos humanos e materiais.
Ainda buscando compreender a desistência inicial e a não continuidade do processo, foram classificadas as queixas iniciais apresentadas pelos sujeitos da amostra, o que permitiu considerar que: 38% dizem respeito a questões socais como, relacionamento, econômicas, sexuais de gênero e até trabalhistas; 35% questões afetivas; outras questões como funcionais, cognitivas e integrativas compunha demais percentuais.
Considerando os índices percentuais dos motivadores pela solicitação do serviço psicológico e observa-se que, os sujeitos da amostra durante o período de espera buscam estratégias adaptativas como forma de lidar com os seus sofrimentos, apresentados como queixa inicial. Quando são contatados, muitas vezes seus contextos já foram alterados o que levam ao desinteresse em iniciar o processo ou desistirem após terem iniciados.
De forma geral foi considerado enquanto possibilidade para dinamizar o atendimento e melhorar a qualidade do serviço oferecido, o investimento em recursos humanos; reestruturação logística; organização de grupos terapêuticos e implantação de plantões psicológicos para atendimentos emergenciais e de orientação.
O artigo trabalhou de forma crítica a problemática do atendimento inicial e a fila de espera, levantando dados que apontam a realidade infeliz do contexto atual do serviço psicológico expandido para a comunidade através das instituições públicas e ou clínica-escola. Apontando hipóteses para a problemática apontou, outrossim, possibilidades para resolução dos mesmos.
Mas sobretudo asseverou tais reflexões para o campo da ética, considerando como instrumento necessário para o bem comum, representado na qualidade do serviço psicológico que deve ser ofertado a todos.
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